Diário acadêmico

Archive for setembro 2009

É na Bahia o carnaval mais famoso do mundo, a festa de São João está entre as melhores do Brasil e é um dos lugares mais procurados nas férias de verão. Eventos desse porte demandam muita mão de obra, ou seja, enquanto todos festejam, muitos baianos trabalham. Então, porque baiano tem fama de preguiçoso e qual é sua responsabilidade nisso? Sempre que alguém comete alguma gafe no trânsito, diz-se que fez uma “baianada”, termo pejorativo que também é usado para qualificar serviço mal feito.

Algumas pessoas acreditam que a fama surgiu com Dorival Caymi e a vida desacelerada, de rede em rede, outras, atribuem ao jeito manhoso ou mesmo cantado de falar. O próprio excesso de festas acarreta ao baiano fama de bagunceiro, descompromissado e permissivo.

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Qual é a primeira coisa que passa pela cabeça quando se fala em Bahia? A resposta vem facilmente: carnaval, axé, festa, mar… E assim, imagina-se que o baiano só vive em função de folia.

O show “Sem Censura” de Renato Piaba é cheio de imitações grosseiras da maneira que as baianas dançam e se comportam. Ao relembrar o que Caetano cantou sobre seus conterrâneos “baiano burro nasce cresce e nunca para no sinal, e quem para e espera o verde é que é chamado de boçal” percebemos que o preconceito não é característica só de quem mora nos outros estados. A mudança deve acontecer, antes de tudo, na maneira que eles se veem e se tratam.

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Em períodos festivos o turismo sexual e a prostituição infantil crescem consideravelmente na Bahia, é nesses momentos que a má reputação representa grande perigo no combate ao transtorno.

Os turistas chegam em cidades como Porto Seguro, Ilhéus e Salvador imaginando que adentraram numa terra sem lei, onde tudo é permitido. Por isso, se faz necessária elaboração de medidas que visem conscientizar e educar baianos e turistas no sentido de que é preciso respeitar o espaço do outro. As leis são iguais para todos e devem ser obedecidas em qualquer lugar do país.

E que o baiano continue a ser alegre, acolhedor e espontâneo, características que só valorizam a Bahia.

algemas

O sequestro e morte da médica Rita de Cássia Tavares Giacon, quinta feira 06/08, ilustra o quadro de decadência que está transformando Salvador numa das capitais mais violentas do país. Rita saiu com a filha de 1 ano e 8 meses para comprar o presente do dia dos pais sem saber que encontraria seu fim. Não há mais segurança. Sair para trabalhar, estudar ou se divertir tornou-se risco de morte. Não temos mais garantias de que chegaremos ilesos, ou de que chegaremos. A segurança pública é algo inexistente.

Os policiais chegaram na terça feira, 11, a Gilvan Cleucio de Assis, 34, que identificaram como o homem que aparece nas imagens gravadas pelo circuito de câmeras do Shopping Iguatemi abordando a médica no estacionamento. Em depoimento, na delegacia de homicídios, o bandido confessou o crime e disse que foi motivado por “um impulso que não consegue controlar”.

Gilvan de Assis estaria preso – por conta de quatro processos, todos por acusações de assaltos cometidos em 2002, entre eles um seguido de estupro e outro por atentado violento ao pudor -, mas contava com o indulto do dia dos pais. Até quando os bandidos receberão permissão para transitar livremente pelas ruas amedrontando e agredindo pessoas?

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De acordo com o decreto nº 3.226, de 29.10.99 o indulto só pode ser concedido aos presos com bom comportamento nos últimos 12 meses e que já tenham cumprido 1/3 da pena (réu primário) ou 1/2 (reincidente). Estão excluídos presos condenados por crime de tortura, terrorismo, tráfico de drogas e crime hediondo (cabendo o consumado e o tentado), o que, teoricamente, impossibilitaria Gilvan Cleucio de ser contemplado pela lei. Mas, é impossível desconsiderarmos os vários casos de presos que cometeram crimes como estupros, assaltos e outros, foram beneficiados com a tal saída programada, e voltaram a atacar mulheres e crianças, com morte das vítimas em alguns casos.

Está claro que indultos somente servem para esvaziar as cadeias. São prejudiciais à comunidade e demonstram claramente a incapacidade política de lidar com o sistema carcerário brasileiro. Nada justifica colocar a sociedade na mira de bandidos perigosos e mal intencionados que ao invés de usar o benefício para confraternizar com os pais, filhos e outros familiares, usam a liberdade para cometerem atrocidades.

É preciso mais rigor e melhor fiscalização nas liberações desses indultos. Temos que encontrar outro caminho para “desafogar” as prisões sem colocar em risco a vida de inocentes.

 

A Vaia

Posted on: 18/09/2009

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Salvador recebe com festa a seleção brasileira para jogo da eliminatória contra Chile nessa quarta-feira. Os ingressos, vendidos a R$100 (arquibancada) e R$250 (cadeira especial) esgotaram, torcidas – brasileira e chilena – animadas, enfim, ótimas expectativas para a partida. Tudo parecia perfeito até a execução do hino chileno, foi nesse momento que os anfitriões, sempre tão hospitaleiros, deram um show de desrespeito aos visitantes.

Enquanto jogadores e torcida do time adversário se posicionavam para a canção, foram surpreendidos pelo barulho das vaias que vinham das arquibancadas onde estava a torcida brasileira.

Desconcertante.

É bonito ver a empolgação dos torcedores, que acompanham seus times por todas as partes, que enchem o peito de orgulho e gritam de felicidade a cada gol. É gratificante saber que nossa seleção é a única a participar de todas as copas mundiais, ter jogadores como Kaká, Robinho, Júlio César e Luís Fabiano defendendo o time que tanto amamos e mostrar a nossos filhos, desde pequenos, a emoção de ser torcedor. Triste é ver fanáticos com paus e pedras nos campos, é perceber que algumas pessoas não entendem o sentido da cumplicidade entre torcedor e time do coração. Desestimulante, é o meu povo insultando uma nação em nome de um estilo de torcida que realmente não agrada.

Os jogadores fizeram bonito, 2X1 no primeiro tempo, que virou 2X2 no segundo – graças a um gol do Beausejour – mas, o Brasil recupera com mais 2 gols de Nilmar, aliás, responsável por 3 dos 4 no placar brasileiro. Um espetáculo para os olhos.

Infelizmente nada é perfeito, nossa torcida conseguiu ofuscar o brilho de uma partida, que poderia ser impecável, com uma atitude antiesportiva e grosseira. Provavelmente, muita gente que assistiu a tudo pela TV, ficou enrubescido de vergonha, assim como eu.

Célia Mota